quarta-feira, 1 de abril de 2015

Discriminação no trabalho atinge 40% dos profissionais LGBT, aponta pesquisa

A orientação sexual exerce influência fundamental na carreira de pessoas lésbicas, bissexuais, gays e trans, segundo levantamento da consultoria Santo Caos. A pesquisa apontou que 40% dos entrevistados sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho em função da orientação sexual.
Entre as situações relatadas, os principais problemas estão relacionados a piadas, fofocas, assédio moral e afastamento por parte dos colegas.
Menos da metade dos profissionais falam abertamente sobre sua orientação sexual no ambiente de trabalho. Quem se assume, o faz em 90% dos casos para pessoas do mesmo nível hierárquico –menos de um terço declara para o chefe.
As razões apontadas para o silêncio são falta de intimidade, não ver necessidade de expor-se e medo de ser discriminado. Os profissionais LGBT também temem que sua competência seja questionada ou até mesmo serem demitidos. Isso leva muitos a esconderem a vida pessoal dos colegas de trabalho.
O medo de ser discriminado chega a afetar a própria escolha da carreira para um em cada quatro entrevistados. Nesse sentido, áreas e empresas vistas como mais plurais e tolerantes seriam priorizadas nas escolhas de pessoas LGBT.
Para 13%, a orientação sexual dificultou conseguir um emprego.
A consultoria ouviu 230 pessoas, entre 18 e 50 anos, de 14 regiões do Brasil.

EMPRESAS
As empresas multinacionais tendem a ser mais tolerantes e abertas à diversidade sexual no ambiente de trabalho. As posturas variam desde um discurso contra a o preconceito a códigos de conduta que estabelecem medidas punitivas contra funcionários que desrespeitarem colegas LGBT.
 
"Como essa discussão está mais avançada em outros países, as multinacionais estão mais estruturadas quanto a isso, e a polícia acaba sendo trazida [para cá]", diz Jean Soltadelli, um dos coordenadores do estudo.
No início de março,379 empresas americanas manifestaram-se à favor do casamento gay perante a Suprema Corte dos Estados Unidos, que julga se casamento homossexual é um direito constitucional, e que portanto deve ser legalizado nacionalmente, ou se cada Estado tem poder de legislar sobre o assunto.
Na argumentação das companhias –entre elas Apple, Google, Coca Cola e Walt Disney– o reconhecimento da união homossexual deve ser estendido ao país inteiro porque a situação atual, em que cada Estado legisla sobre o tema, prejudica os negócios ao colocar "encargos significativos nos empregadores e em seus funcionários".
Um profissional reconhecido como casado em um Estado e recebendo os respectivos benefícios pode deixar de sê-lo em uma outra filial da empresa localizada em outro Estado. Isso dificulta o controle dos benefícios e a atração de talentos.
As companhias também argumentam que a diversidade no ambiente de trabalho é "crucial para a inovação e sucesso no mercado".
"Nós acreditamos que a empresa tem um papel primordial na transformação [porque] o convívio [com a diversidade] vivido na empresa acaba afetando o pessoal. A empresa não é necessariamente um reflexo da sociedade, ela tem que entender que possui também um papel social", avalia Soltadelli.

Publicado originalmente em : Folha de S. Paulo

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