Jesus Cristo foi um homem livre,
desertor social, anarco-individualista, Jesus desprezou as leis dos
juízes e legisladores do Estado para acatar as leis da harmonia, as leis
naturais da vida. Jesus foi crucificado por ser na sua pessoa um
perturbador da ordem, um corruptor da nação e um temível rival de
César. Jesus Cristo foi o rebelde das massas oprimidas, a esperança e
consolo de todos os explorados. Jesus foi um anarquista que combateu
energicamente os credos políticos da sua época, colocou-se fora da
órbita do Estado, indo ao encontro das leis escritas. Os seus
ensinamentos culminam na mais completa e absoluta negação de toda a
ordem politica/capitalista.
O Jesus anarquista da Galiléia foi
grande e inconfundível, porque, só, enfrentou e condenou a autoridade
estatal e mostrou por atos, palavras e atitudes que a verdadeira e única
Autoridade reside dentro de nós mesmos no nosso foro íntimo e não no
aparelho coercitivo da força do Estado. Sob esse aspecto é que o
encaramos e é justamente através desse prisma que Jesus se impôs aos
séculos como o maior de todos os Anarquistas. Sua Mensagem aos homens é
esta: Amar, Dar e Perdoar.
“Perseguido
pelo rei Herodes desde antes de nascer, combatente da ideologia moral,
política, religiosa do pior dos estados (romano), perseguido pelos
líderes sacerdotais (papas, bispos…), pelos anciãos do povo(políticos),
pelos fariseus ,saduceus (comerciantes, banqueiros), substituiu sua
família de sangue pela família espiritual, amou as adulteras e as
meretrizes, amou os ladrões pobres, os mendigos e os excluídos, foi
perseguido pelo imperador César Octávio, formou quadrilha na santa ceia,
tinha uma práxis inconciliável com a constituição escrita , foi
perseguido por homens fardados, julgado e condenado por um juiz de
direito, com apelo da massa empazinada persuadida, traído por um
infiltrado, levado a cruz por soldados do governador, torturado,
humilhado, deu sua vida pois acreditava na sua causa e mesmo assim por
pouquíssimos foi compreendido. Poderia terminar esse texto com várias
citações, mas pra sempre lembrar do evangelho essênio excluído pela
instituição que se diz religiosa e falando também de lei e moral : “não
busqueis a lei em vossas escrituras, pois a lei é a vida enquanto o
escrito esta morto”.’
“Nas estradas da Judéia, em caminho do
Gólgota ou do monte das Oliveiras, por entre as imprecações e as
injúrias dos escribas e fariseus da Religião e do Estado, já o doce
Galileu ouviu esta apóstrofe — Anarquista!”
A Anarquia, que foi um sonho generoso,
uma utopia, um anseio de amor e de fraternidade imaginado e sonhado pela
bondade santa de um Réclus, de um Bakunine, de um Malatesta e de um
Kropotkine, apresenta na série de seus grandes adeptos um gigante
anarquista: — Jesus. O Galileu foi, na realidade, o maior dos
anarquistas. As multidões ignaras, intoxicadas de fanatismo político e
de intolerância religiosa, atiravam, por vezes, às faces serenas do
Rabí, apóstrofes e insultos violentos, e o alto sacerdócio farisaico via
na sua pessoa um perturbador da ordem, um corruptor da nação e um
temível rival de César. As multidões e os escribas da Religião e do
Estado não sabiam que proferiam, inconscientemente, uma verdade.
Anarquista? Sim, e o maior deles! O seus Ensinamentos culminam na mais
completa e absoluta negação de todo o artifício legal urdido pelas
camarilhas políticas e pelas classes exploradoras. Exigiu, apenas, o
aperfeiçoamento interior e individual como base para a transformação e
para a harmonia social.
Depois o evolver moral e espiritual a
que chegara o grande e inconfundível Mestre, dispensava, para a sua
conduta e para norma de sua vida, as leis mesquinhas, codificadas pela
ignorância e pela perversidade dos homens. O seu anarquismo — tomada
esta palavra no seu mais amplo sentido etimológico — pairava muito acima
da estreiteza dos credos políticos e sociais, das religiões, das
filosofias e de todos os dogmas e tabus da fé intolerante. Dentro do
cosmo de seu espírito já havia desabrochado, no esplendor de sua beleza
máxima, essoutra sublime e maravilhosa Religião, da Verdade, da Bondade e
do Amor. Homem livre, desertor social, anarco-individualista estoico,
Jesus desprezou as leis pequeninas dos Juízes e legisladores do Estado
para acatar, tão somente, as únicas leis verdadeiras, certas, eternas e
infalíveis: — as leis naturais, as leis da harmonia cósmica. O princípio
da suprema Autoridade residia dentro e não fora de Jesus. Cada um de
nós responde, individualmente, pelas conseqüências de seus atos,
palavras e pensamentos. «Porque por tuas palavras serás justificado, e
por tuas palavras serás condenado». Jesus já era uma consciência
plenamente liberta, já sentira na glória do Tabor todo o esplendor solar
da iluminação e da consciência cósmica e o seu espírito já tinha feito a
escalada dolorosa da evolução através dos caminhos do Gethsemani do
sofrimento, e, nessas provas e experiências individuais, foi o
legislador supremo de si mesmo. Realizou-se, conheceu-se e foi dessa
introspecção profunda que ele se convenceu de que podia dizer aos
homens: «Eu sou o Caminho… a Verdade… e a Vida.» Por isso, as multidões
se admiravam de sua doutrina libertária, pois, segundo o depoimento de
Mateus, (VII, 29), Jesus ensinava «como quem tem autoridade.» Foi o
rebelde das massas oprimidas e também a esperança e o consolo de todos
os párias e explorados: «Vinde a mim todos os que estais cansados e
oprimidos e eu vos aliviarei».
O seu verbo de fogo arrebatava as
turbas, despertando em todas as consciências algo de admiração e de
maravilhoso: Nunca homem algum falou assim como este homem. Jesus já era
um anarquista. Lançou fora e longe todas as muletas religiosas,
combateu, energicamente, os credos políticos de sua época, colocou-se
fora da órbita do Estado, indo de encontro às leis escritas, aos usos,
costumes, tradições e afirmou a grandeza da dignidade humana — livre,
inteiramente livre, de todas as peias e algemas do formalismo social.
Ela faz a sua evolução, em espirais luminosas, para o Infinito, dentro
do conjunto maravilhoso das energias cósmicas e em busca da incessante
perfeição através de outros planos solares e de outras Humanidades, do
mais alto estágio de evolução. Jesus viveu a grande vida que idealizou e
sonhou e somente ouviu os ecos dessa voz interna de sabedoria, que fala
aos espíritos despertos e escancarados para as belezas e para as
verdades da Vida! Sonhou a Humanidade unida e entrelaçada numa grande
Família: a família ligada pelas afinidades espirituais e eletivas.
Condenou o nacionalismo das pátrias e das bandeiras, pediu água a uma
mulher estrangeira: a Samaritana da fonte. Renunciou o amor à família de
sangue e à família legal por um imenso amor à Família Humana, espalhada
através de todas as fronteiras. Desprezou o próprio amor materno, por
um grande e puro amor à Humanidade sofredora e órfã de carinhos e de
bondade: «Mulher, que tenho eu contigo ?», disse à Mãe nas bodas de
Caná.
E o Anarquista de Nazaré tornou-se,
assim, uma figura solar nas crônicas da História, incorporando-se ao
patrimônio comum de todos os povos e civilizações. Encheu vinte séculos e
ainda é hoje um marco milenar nos acontecimentos da Humanidade. A sua
existência luminosa valeu pela vida de um sistema planetário, como bem
diz Maeterlinck. Tudo passou e tem passado… As coroas rolaram e
continuam rolando pelo chão… Todos os impérios, até mesmo os de
alicerces seculares, teem-se esboroado, colhidos pelos vagalhões do
tempo… Tudo passou… Tudo… Recorda-se ainda hoje, dos helenos Sócrates e
Platão e seus discípulos, porém, mui vagamente. Onde estão as leis
deixadas por Numa, Licurgo, Sólon e tantos outros legisladores ilustres?
Tudo passou… Passou Alexandre, o grande, com seus exércitos… Passou
Júlio César com suas legiões gloriosas… Passou Carlos Magno com sua
nobreza… Passou, nos tempos modernos, Napoleão com seus grandes
generais… Jesus, ao contrário, não passou e não passará nunca. Ele e
seus Ensinamentos ficaram desafiando a fúria das tempestades e a
ferrugem do Tempo. Não tinha legiões, nem generais, nem exércitos
aguerridos e não dispunha também de dinheiro. Ele e seus Ensinamentos —
nada mais. Predicou entre os pobres e escorraçados do povo e ia deixando
em todos os espíritos oprimidos a semente da reação consciente e dos
grandes ideais humanos. Enfrentou, com o látego de sua palavra candente e
ousada, os senhores do poder, os ricos e os potentados. Percorreu as
aldeias e as cidades, fazendo a propaganda rubra do ideal libertário, e,
nessas prédicas e reuniões populares, condenou o capitalismo, enfrentou
as leis escritas e codificadas do Estado, os usos, os costumes as
tradições dos antigos; enfrentou, desassombradamente, a cólera do
sacerdócio poderoso e hipócrita, mostrou a sua indignação pelos ricos e
magnatas do ouro, conviveu com os humildes operários, foi o amigo e o
confidente daqueles que eram enxotados da sociedade e freqüentavam os
alcouces do vício e da perdição; defendeu as meretrizes em praça
pública. Afirmou, enfim, a todos que o ouviam, esta grande verdade: o
reino de Deus não existe na mentira de um céu hipotético e sim na paz de
uma consciência justa e reta, dentro de nós mesmos, fora, portanto, das
leis escritas, da moral codificada e das convenções sociais.
Pregou, ainda, em apóstrofes de fogo,
contra os horrores, a depravação e a luxúria da Roma dos Césares — a
Babilônia do crime, do ódio e do pecado. Tibério reinava no esplendor da
sua corte e ignorava a existência do grande agitador anarquista. Um
louco ? Um visionário ? Nada disso ! Ali vivia, entre a gente simples e
humilde, e no silêncio das montanhas da Galiléia — o maior Anarquista
que a Humanidade já conheceu. Jesus condenou de modo formal e categórico
a família de sangue, a família legal, sancionada pelos escrivães e
juízes das leis escritas do Estado. Nada mais natural, pois «Jesus, que é
filho de família proletária é, depois do paganismo, o maior demolidor
da família individualista conhecido na antiguidade». Por isso mesmo o
magnífico Mestre pregou com desassombro a grande verdade da Família
Espiritual dos espíritos afins, unida e entrelaçada pelos mesmos
sentimentos, afeições e ideais. Induziu pelo conselho e pelo exemplo o
abandono completo do lar e a renúncia das amizades de pai, mãe e irmãos
(5) para todos aqueles que o quisessem acompanhar na pregação de sua
doutrina toda feita de Amor, de Bondade e de Fraternidade. «Quem ama o
pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e o que ama o filho
ou a filha mais do que a mim, não é também digno de mim» (6). E
exclamava: «Todo aquele que tiver deixado por amor de meu nome a casa,
ou os irmãos, ou irmã, ou o pai, ou a mãe, ou a mulher, ou os filhos, ou
a herdade, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna» (7) Jesus
jamais pregou o amor aos seus, porque sempre aconselhou o amor ao
próximo. Os seguintes versículos do Evangelho elucidam, clara e
cabalmente, a verdade deste assêrto. «E falando ele ainda à multidão,
eis que estavam fora a sua mãe e os seus irmãos, pretendendo falar-lhe. E
alguém lhe disse: «Eis que estão lá fora a tua mãe e teus irmãos, que
te querem falar.» Porém ele, respondendo, disse ao que lhe falara: «Quem
é minha mãe? e quem são meus irmãos ? E estendendo a mão para os seus
discípulos, disse: «Eis aqui a minha mãe e os meus irmãos. Porque
qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, este é meu
irmão e irmã e mãe. Jesus renegou, nessa passagem impressionante, a
família da carne, a família legal — por um imenso amor à família
natural, à família humana. Mais que um Sócrates moderno a doçura e
justiça do meigo Rabí da Galiléia, ecoava no coração dos que O ouviam
quando dizia: Porque, aquele que ama a justiça e a misericórdia, como eu
amo a justiça e a misericórdia, esse é meu irmão: e tem o mesmo Pai que
eu; e nosso Pai vive em nosso coração e vive nos céus. É o Pai que está
nos céus da nossa alegria, no paraíso da nossa consciência, da nossa
clarividência ética, é o Amor, é o gozo de uma purificação profunda, é
essa Harmonia que canta, dentro de nós, a Beleza e o «Amai-vos uns aos
outros.» Jesus não podia limitar o seu Amor à Família de sangue ou à
família legal, esse puro Amor que extravasava, que transbordava para
além dos confins do Tempo e do Espaço. Também nas bodas de Caná:
«Mulher, que tenho eu contigo ? E nós, que temos nós com aqueles que não
sabem passear conosco pelos parques munificentes dos nossos sonhos,
embora nos liguem laços legais ou laços de carne? Só a afinidade
eletiva, espiritual, só o entrelaçamento de sonhos e ideias, só o Amor é
capaz de unir fraternalmente as criaturas, os indivíduos ou seres
clarividentes, na comunhão da verdadeira família, que é a família ligada
pelas aspirações, pelos ideais. E essa família está espalhada pelos
quatro pontos cardeais, e, apesar da distância e dos oceanos, um beijo
de Amor entrelaça todos os seus membros no coração e no pensamento de
uma Harmonia Cósmica.
Jesus o maior anarquista parte 1 de 2
Jesus o maior anarquista parte 2/2 final
DE ONDE VEM A CALMA – LOS HERMANOS
«Sem
pátria, sem fronteiras, sem Família e sem Religião. As religiões dos
mercadores dos templos encerram os homens e as mulheres numa corrente de
dogmas estéreis, amarram a sua razão, sufocam os seus corações no
limite odioso do fanatismo, da ignorância e da mentira. A
Religião da Fraternidade Humana não nos fecha em templos de pedra e
ouro, não nos acorrenta a dogmas de ferro: é o anseio alado de um sonho
nas alturas, macio, ondulante, amoroso, tentando escalar todas as
hipóteses do mistério sagrado da Vida, voando por entre espaços
interestelares, por entre os interstícios, por entre os abismos de
sombra e luz que enclausuram ou libertam o espírito humano. A Religião
do Amor não espera os toques do sino de bronze para voar a sua prece num
sonho de Beleza, numa aspiração de Harmonia, pela intensidade além, em
busca de outras órbitas de mundos a rolar pelo Infinito… A Religião da
Beleza esvoaça, flutuando, na sabedoria de todos os sorrisos amorosos
com que os maiores gênios de todos os séculos envolveram o gênero
humano, escalpelando as dores do mundo.» Júlio R. Barcos, escreve
«Ninguém foi inimigo tão declarado da família como Jesus, e vós,
católicos, vos prosternais ante a sua cruz. De sua boca e não da nossa,
saíram estas palavras dirigidas à sua Mãe: «Que tenho eu contigo,
mulher?» Equivale a dizer: que tem que ver todo apóstolo sincero de uma
idéia, com os interesses mesquinhos do lar e do amor egoísta dos pais? O
homem febril de idealismo não é um acionista da sociedade em miniatura,
que se chama família; é membro da coletividade social a que pertence;
uma célula suplementar do cérebro que se denomina humanidade. «O que me
quiser seguir há-de abandonar pai, mãe e irmãos», dizia o divino Mestre a
seus discípulos. Abandonar a família para dar-se de maneira mais
completa ao amor dos semelhantes, aqui está a ética de todos os
apóstolos, santos, heróis e gênios da constelação do céu dos imortais.
Porém, nenhuma das palavras de Jesus mais cheias de amor e sabedoria que
aquelas dirigidas, agonizante, da Cruz, à sua Mãe, ao ouvi-la exclamar
dolorosa: — «Filho meu !» — «Mulher, eis aí teu filho (dirigindo-se ao
discípulo João). Homem, eis aí a tua mãe.» Essa frase adquirirá cada dia
mais eloqüente significação libertária. Qual o filho que algum dia
disse a sua mãe: — «Mulher, sente-te mãe de todos os homens; e ao amigo:
homem, vê em cada mãe a tua própria mãe ?» (9). Jesus, proclamando em
voz alta o primado da família espiritual dos espíritos afins, reconheceu
que a família dos laços da carne e do sangue é um mero acidente
biológico… Frisamos bem: o Mestre não pregou a destruição dos lares,
pregou, sim, a santificação da verdadeira família, que é a família
natural e do espírito. Notas: (1) Mateus, XII, 37 (2) Mateus, XI, 28 (3)
João, VII, 46 (4) Júlio R. Barcos, “Liberdade Sexual das Mulheres” (5)
Mateus, XIX, 29 (6) Mateus, X, 37 (7) Mateus, XIX, 29 (8) Mateus, XII,
46-50. Marcos, III, Lucas, VIII (9) Julio R. Barcos, obra citada.Fonte : http://www.anarquista.net/jesus-o-maior-dos-anarquistas
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